5º Diabeversário
- Daniela Olmos
- 8 de ago. de 2017
- 2 min de leitura
Meu 8 de agosto de 2012 foi memorável, e não de uma forma boa, acordei nervosa, tremia pensando: será que é mesmo diabetes? Se eu soubesse tudo que sei agora, não teria ido ao consultório médico, e sim a uma emergência de um hospital, as cãibras que eu tinha todas as noites eram horríveis, eu chorava de dor, o mal estar e enjôo tomavam conta de mim, não tinha forças pra levantar da cama, por um momento, achei até que era insatisfação com meu emprego, pois nada me fazia despertar do sono profundo. E que sono! Chegava a jogar água na cara para acordar nas tardes que passava sentada no escritório após meu almoço super saudável e meu treino na academia. Ahh, mas eu estava mais saudável do que nunca, jamais consegui atingir tantos litros de água por dia, já tinha chegado a 5 litros diários, claro que com toda essa água, eu vivia no banheiro – processo natural do corpo, eu justificava. Não queria dar o braço a torcer, e naquela manhã de 8 de agosto de 2012, alguém ia me falar o que eu sabia mas negava veementemente. "Querida, essa glicose de 345 é diabetes." Meu mundo desabou, meu pai segurava minha mão enquanto chorava, liguei pra minha mãe soluçando de tanto chorar, minha melhor amiga me ligou lá da Irlanda de tanta preocupação, minhas avós me ligaram dizendo que ia ficar tudo bem, meus primos me ligaram, me encontraram só para me dar um abraço, todos meus tios ligaram, mandaram mensagem, entraram em contato com meus pais. Foi um choque para minha grande família que é gigante e não tinha nenhum caso de diabetes. Tanta gente se comoveu com a garota que tinha pavor de agulhas e agora ia ter que lidar com isso todos os dias. Eu olho para tudo que passei nesses cinco anos, como eu achava que já era muito velha para desenvolver diabetes tipo 1 e como hoje eu vejo era apenas uma guriazinha; como aquela guriazinha evoluiu e deu espaço para uma outra pessoa, que ainda tem medos, mas que consegue enfrentar todos de cabeça erguida. Minha essência nunca mudou, sou a mesma que se preocupa demais com os outros, a mesma metódica e planejadora, a mesma "pimenta braba" dos pais, a mesma fã de séries para os amigos, a mesma que de séria passa a abobada em 2 segundos, e a mesma guria que sonha em mudar o mundo desde que se conhece por gente. Em cinco anos de diagnóstico, aprendi muito sobre a vida, sobre respeito, sobre privilégios, sobre poder falhar sem medo, sobre comemorar cada pequena vitória, sobre outras realidades fora de sua bolha. Em cinco anos, conheci mais pessoas que com 23 anos que vivi sem diabetes, sou muito feliz mesmo, e muito grata por tudo que consegui conquistar até aqui. É uma luta diária que só quem passa por ela entende, e é uma luta que vale a pena, porque a vida é muito breve para um simples pâncreas que não secreta insulina me derrubar. Comemoro cinco anos de diagnóstico MUITO bem vividos hoje, sem complicações, apenas evoluções e sempre fazendo jus à minha escolha: VIVER.
Que venham mais 50!

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